“…vai viver apenas uma vez essa fase em sua vida”.
Uma ode às amizades da infância… Uma fábula lindamente filmada, com líricas e belas imagens e seqüências excitantes. Saudades de um tempo… Uma amostra para entender um pouco sobre o que é viver com emoção cada momento da vida. Uma direção com mão firme na poesia.
O filme é sobre uma jornada em que quatro amigos contam com o companheirismo para enfrentar os problemas e conflitos. O dócil e sensível Gordie, o atrevido e problemático Teddy, o gorducho e hilário Vern e o líder desiludido, porém forte Chris, revelam a pura amizade e real compreensão de que cada um necessita.
O filme expõe um lado complexo de cada criança. Seu passado, seus sofrimentos, a angústia de se tornarem alguém na vida, o amadurecimento. Retrata com habilidade e poesia os medos, os jogos, os diálogos marcantes, as discussões e os segredos compartilhados pelos garotos. Uma variedade de sentimentos que descobrimos enquanto exploramos a (enganosamente) simples história. Ace, mais velho membro de uma gangue, parece sintetizar o que eles iriam enfrentar na passagem de criança para adolescente.
O filme é uma grande descoberta. Ao longo dos acontecimentos, há um grande questionamento sobre amadurecimento e identidade, um caminho de consciência até a humanização, visto por um olhar ingênuo e sincero. A trama glorifica um lado da infância que é especialmente belo: fazer coisas simples, mas que rendem sentimentos, histórias e lembranças no futuro. Não se preocupar com nada além dos nossos amigos, descobrir tudo, explorar e imaginar. Deixar que o “espírito de criança” prevaleça em todos os momentos, contar piadas, rir das próprias besteiras, zuar com a cara daquele amigo do peito.
Algo interessante é notar todas as complexidades e conflitos que os garotos vivem contrastando com a infantilidade dos mesmos, há uma cena que expõe isso: enquanto Gordie e Chris conversam sobre o futuro, Teddy e Vern estão discutindo sobre uma insana luta entre o Superman e o Supermouse. É a magia de ser criança, imaginação contrastando com os conflitos do amadurecimento.
Todos necessitam de uma amizade verdadeira. E encontrar amizades sinceras fica cada vez mais difícil. A maneira como tudo é retratado com situações que colocam a prova as laços de cada um deles, faz com que nos identifiquemos com a força que impulsiona cada uma dessas amizades. A característica infantil dá vida própria a essa fábula maravilhosa.
“Nunca tive amigos como aqueles que tive aos 12 anos. Jesus, mas quem tivera?!”
Nota 9,0.
Escrito por RoDolFo.
Clássico da Sessão da Tarde e uma das melhores transposições de uma obra de Stephen King para as telas.
Belo texto!