“É a morte que comanda a Itália”
Um filme que se aprofunda em um lado obscuro do matrimônio e a loucura que é descobrir um amor impossível. Supostamente homenageando a democracia da arte cinematográfica como também a indústria cinematográfica.
A linguagem do diretor é excelente. Mas o que chama mais a atenção é sua narrativa bizarra, aliás, desde a trilha sonora passando pelas atuações e a fotografia instigante formando o clima inquietante tudo é muito estranho.
Alguns podem relutar em não embarcar na historia de Bellocchio por sua linguagem emblemática, o filme exige, mas até que vale a pena.
É um pouco confuso e até divertido tentar distinguir na trama, o que é imaginação ou realidade o que realmente existe na cabeça do personagem principal. Diante da perspectiva dele é que as imagens falam por si mesmas. Os personagens e as situações imaginadas estabelecem a ação, a realidade e o segmento imaginado são igualmente destacados.
Marco Bellocchio deve ser doido da cabeça, para criar um filme tão bizarro, não menos bizarro quanto os conflitos sentimentais que surgem na procura da união de dois amores impossíveis, não menos bizarro quanto um casamento pode ser.
Um filme deliciosamente doido, talvez fascista, incrivelmente simples e sutilmente criativo que merece ser visto e precisa ser descoberto.
“Você ainda está vivo, então não vale nada. (…) Meus produtores me prometeram que depois de todas as injustiças, depois de todos os maus tratos, eu ganharia este ano. Que este ano o cinema italiano me reconheceria. Mas… (…) As panelinhas no mundo do cinema italiano, os da esquerda, do centro… Os da direita, não, eles não valem nada para o cinema. Todos eles começam a telefonar uns para os outros. E percebi que não ganharia este ano. Mas é tudo dentro das regras da premiação. Eles seguem as regras, as panelinhas se comunicam, fazem acordos, trocam votos. Não há crime nisso, é a democracia.”
Escrito por RoDolFo. Nota 7,5.