Como gosto muito de Filmes de Estrada, logo quando li a sinopse me interessei pelo filme. Achei um assunto bastante original e acreditei na possibilidade de assistir algo novo, ainda mais depois de ler tamanhos elogios sobre o filme. Trata-se de uma transsexual que quando está prestes a realizar seu sonho, que era fazer uma cirurgia na genitária, descobre que tem um filho de 17 anos e este quer conhecê-la. Numa viagem pela fronteira dos Estados Unidos, os dois tentarão se conhecer, se descobrir e recuperar o tempo perdido.
Felicity Huffman (que interpreta a transsexual Bree) é a alma do filme; sua atuação monstruosa dá um toque emocional nas cenas incrivelmente convincentes e sinceras. Por vezes ficamos em dúvida se é um homem ou uma mulher que está atuando. Por sua performace, Felicity recebeu uma indicação ao Oscar, mas perdeu para Reese Whiterspoon em John e June, que ainda não conferi.
No início acontece tudo muito rápido, o encontro dos dois, a conversa e o início do relacionamento familiar e quando menos esperamos eles já estão na estrada. Mas é por aí que o filme fica mesmo interessante, mas infelizmente dura pouco e logo se percebe o roteiro simplista de Duncan Tucker, que também dirigi o filme. Em certo ponto, o filme deixa um pouco de lado a originalidade e dá lugar aos clichês típicos mas insuportáveis e aquela velha lição de aceitação da sociedade. Alguém sempre rouba o carro, os personagens sempre perdem o dinheiro e buscam ajuda nos lugares mais impensáveis, ou alguma verdade que é revelada e causa desavenças entre os personagens, mas que no final dá tudo certo.
Ao chegar na casa da família, por exemplo, Bree discute com a mãe, que porventura é contra a posição sexual dela, e todos aqueles diálogos sem inspiração fizeram do filme uma grande apelação em busca da aceitação da sociedade e a sensação que fica é de que o filme é apenas mais uma referência cinematográfica para as pessoas com a mesma posição sexual da personagem. Mas sei que não é.
E ao fim temos a impressão que o filme poderia ser muito melhor, tendo um tema bastante original, corajoso e ousado como este. Não deixa de ser verdadeiro, realista e tocante emocionalmente. Mas afinal, este é apenas mais um dos inúmeros casos que existem por aí. Será que seria tão fácil assim se o filho dela fosse um rapaz extremamente maxista, sem um pingo de respeito e com a mente fechada ao invés de um bissexual viciado?
Nunca li um elogio verdadeiramente rasgado ao filme em si, só à atuação de Huffman – ela e o tema seriam os maiores motivos de ver esse filme, mas sem esperar algo inesquecível.
Eu realmente esperei assistir um ícone sobre o assunto rsrsrsrs. Felicity arrasou mesmo!